quarta-feira, 7 de julho de 2010

Viagem vazia de uma mente sem lembranças


Perdido no espaço tempo de minha mente eu viajo. Na minha lucidez sem sentido, vejo que meus olhos nao enxergam nada. Estou perdido, com um tempo esgotado! Vagando em direção do desconhecido, encontro meu EU novamente que me indagou:
-Você se encontrou? - pálido ele estava, mas com seu cigarro no canto da boca.
- Estou a procura - respond - mas ainda nao consigo enxergar as coisas como elas são!
Andando a vagarosos passos, estamos indo em direção a um banco, ao qual gentilmente nos faz sentar.
- Vi como se portou perante aquela bela dama - me disse - estou pasmo como consegue ficar com um pensamento coerente diante de uma situação que assombra seus pensamentos.
Estou inquieto, pois ele sou eu e eu sou ele. Mas devo admitir que ele está certo.
Meus pensamentos estão tão obscuros que mal posso vê-los!
Sou convidado a acender um cigarro, e logo na primeira tragada ele me diz:
- Veja bem, estamos sentados olhando a vida passar. Será que isso que você quer? Ficar a mercê de sua própria existencia? Não vá aceitar que a vida é justa, pois ela é muito cruel!
Isso assola minha mente, pois não consigo compreender como as coisas acontecem.
-Mas porque certas coisas acontecem comigo? Não faço nada que mereça tal martírio! - perguntei.
Eis que sutilmente sou respondido:
- De alguma maneira você merece, pois temos que levar em consideração que se deixou levar por momentos onde o seu instinto havia lhe alertado! Não se culpe, pois como diria aquele filósofo que você tanto admiria: "Aquilo que não me mata, me torna mais forte". Veja a pessoa que você se tornou, a peleja foi longa e dura mas você está vencendo!
Pela primeira vez ele não me julga de forma ardilosa, vejo que nao sou mais uma caça. Meu cigarro está quase no fim, a cada tragada ouço pacientemente o que esse velho companheiro me diz. Vejo que não sinto falta do que eu era, pois percebi que como uma tábua rasa que somos, adquiri muita coisa com o passar dos anos. Na fumaça de meu crivo, me perco ainda mais nos meus pensamentos, e aos poucos estão clareando...
- Porque justo agora decidiu me ajudar? - indaguei- demorou mais de 20 anos pra se pronunciar, a principio foi hostil, agora esta calmo e bondoso!
Mais uma resposta ao qual fiquei surpreendido:
- Olhe ao nosso redor, sente a paz? Veja quantas arvores floridas, mesmo no inverno. Olhe para estas crianças brincando, correndo. Esse é o seu mundo! Quando você está buscando a paz, aqui fica essa calmaria que vê! O seu mundo são suas emoções e você esta plantando coisas boas ultimamente, então irá colher ótimos frutos. Estou vivendo nesse mundo próspero e calmo. Se você está em paz, seu mundo também está!
Busco sentido em suas palavras, pois soam tranquilas e de uma certa forma confortantes.
Eis que meu cigarro termina e sou obrigado a me desfazer. Levanto-me do banco, agradecido pelas palavras e saio em direção a minha jornada.
Uma vez me perguntei se o veria novamente, agora tenho a certeza que ele esta comigo.
No fim da viagem me pego em minha cama com o despertador tocando. Hora de levantar e encarar o mundo real, ou não. Minhas lembranças são mantidas, mas o vazio que ainda sinto estou a procura de preenche-lo, para que essa viagem tenha algum sentido...